Empresários e políticos ricos bancam 93% de grandes doações
Apesar de veto a contribuições empresariais, empresários continuam a financiar campanhas por meio de seus proprietários e executivos. Segundo balanço das primeiras prestações de contas dos candidatos, do total de R$ 45,6 milhões de grandes doações até agora — acima de R$ 300 mil —, 93% saíram do bolso de políticos ricos (R$ 30,4 milhões) ou de grandes empresários (R$ 12 milhões), com sobrenomes ligados a marcas como Riachuelo, a rede de shoppings Iguatemi, Localiza e Porto Seguro.
A quantia que determina uma grande doação, acima ou igual a R$ 300 mil, foi estabelecida pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Os 12 milhões doados por donos de empresas é quase oito vezes maior do que o montante recolhido até agora pelas principais vaquinhas eleitorais – mecanismo de financiamento coletivo usado pela primeira vez nas eleições deste ano que permite que candidatos lancem plataformas na internet para arrecadar doações limitadas a R$ 1.064 por dia, por doador.
Em 2015, o Supremo Tribunal Federal proibiu que empresas financiem as campanhas sob o argumento de que a prática viola os princípios democráticos da igualdade de forças na disputa, representando captura do processo político pelo poder econômico.
Porém, uma reação comandada pelo Congresso abriu brechas para a manutenção do status quo.
Em uma primeira frente, deputados e senadores ampliaram o financiamento público direto das campanhas instituindo um fundo de R$ 1,7 bilhão que é distribuído aos candidatos a critério das cúpulas partidárias.
E elas têm privilegiado políticos já com mandato.
Em uma segunda linha, barraram propostas que buscavam impor limite unificado a doações de pessoas físicas ou ao autofinanciamento.
Isso possibilita que empresas continuem doando por meio de seus donos ou executivos e que candidatos ricos injetem altas somas em suas campanhas
Doações
O fundador do grupo que comanda a Riachuelo, Nevaldo Rocha, aparece no topo da lista dos grandes financiadores, com R$ 2 milhões direcionados à campanha do neto Gabriel Kanner (PRB), que disputa uma vaga de deputado federal em São Paulo.
“Doei esse valor porque acredito no meu neto e ele merece o meu apoio”, disse Nevaldo, por meio da assessoria de Kanner. O candidato afirmou que não utilizará recursos públicos em sua campanha.
Fonte: Diário do Poder